Resenha: Gasolina







Título: Gasolina
Autor(a): Júlio Menezes
Editora: Porto de Ideias
ISBN: 9788560434404
Páginas: 256
Ano: 2008
Skoob
Atormentado por uma existência vazia e um casamento arruinado, Figueira, que se considera apenas “um suburbano, vendedor de imóveis”, apesar de muito bem-sucedido, decide abandonar tudo. Um anti-herói, corroído por um segredo que o acompanha desde a infância. As aventuras e desventuras vividas na estrada o levarão a desvendar o enigma de sua profunda infelicidade. Assim é Gasolina, primeiro romance de Júlio Menezes, que se valeu de seu reconhecido talento como fotógrafo, para desnudar a alma de seu personagem e dissecá-la com frieza e maestria. Um romance vigoroso, ágil, realista e cruel, que, no entanto, deixa entrever uma intensa poesia.
Minha opinião
Esse livro foi cedido para resenha pela Editora Porto de Idéias.
O livro conta a estória de Figueira, um homem na casa dos 40 anos, bem sucedido financeiramente com seu emprego atual, com uma esposa um tanto fora do comum pra não dizer doida e dois filhos. E um belo dia, Figueira se revolta contra todos e decide por o pé na estrada e revolucionar a sua vida de alguma forma, mas não é bem isso que acontece. Ai vem a pergunta: Quem nunca sentiu vontade de deixar todos os problemas para trás e tentar refazer a vida do zero? Poucas pessoas.
- Não ironize Figueira, sou sua amiga.
- Não Margarete, você não é minha amiga. Não tenho amigos. Amigos se vêem, trocam confidências, jogam futebol e sobem em árvores. Não estou habilitado a amizade.
Página 63
Ele não quer saber de ninguém, se considera um cara sozinho no mundo e nem para os filhos ele liga avisando que vai ali e não sabe quando volta - sei o quanto isso é perturbador, mas é a verdade do nosso personagem. Sendo assim, nosso protagonista resolve cair no mundo, abandona o emprego e se joga na sua realidade sem amor.
(...)Talvez somente as mães possam amar incondicionalmente. Exceto o amor materno, o resto é conveniência, a gente escolhe amar ou não. (...)
Página 81
Confesso que essa capa me deixou intrigada, pensei que seria um livro vulgar - com alto teor de canalhice, regado a cachaça e balada -, mas não foi exatamente isso que encontrei, até a própria sinopse dá algumas dicas do que encontraremos. De uma forma simples e direta com direito a um linguajar até pesado em algumas cenas com palavrões e reflexões sobre sexo, o autor narra as frustrações do personagem, que não são poucas, e em muitos momentos eu senti vontade de mandar ele calar a boca, rs. Ele acaba se metendo nas maiores encrencas na busca dessa tal liberdade logo no início da aventura e eu ri de algumas situações, mesmo com o protagonista sendo ranzinza ao extremo, por isso não espere cair de amores por ele.
- Não gosto de homens que me sustentem - diz sem muita convicção.
- Não é sustento, é ajuda de custo - corrigi. Ela ri.
Página 82
A narrativa é em primeira pessoa e pelos trechos, você já consegue perceber como Figueira é ranzinza e mau amado. A diagramação interna é bem confortável com páginas amareladas, não encontrei erros graves de revisão. O que pode cansar o leitor é a própria personalidade do protagonista, pois ele é direto e reto, tem muitas posturas que a maioria não concorda, só pensa nele a maioria do tempo e te leva a refletir coisas que nem sempre assumimos que achamos errado ou certo, depende do ponto de vista individual, eu particularmente adorei ele - talvez porque eu também tenha um pouco desse lado desaforado dele, mas eu estou longe de ser egoísta. Recomendo para quem gosta de leituras que criticam de forma inteligente, a forma padrão de vida que a sociedade nos impõe de que o dinheiro em si, já deve nos trazer felicidade, que o que se soma ao dinheiro é um tanto irrelevante (família, amigos, etc) e não se incomoda com os palavrões e um linguajar mais próximo da realidade, é claro.
(...)Então é melhor debandar, sumir. Melhor morrer na queda do que de inércia.
(...)
Para todos os males: gasolina
Página 197

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