[Resenha] História de quem foge e de quem fica, de Elena Ferrante (@editorabibliotecaazul @GloboLivros)







Título: História de quem foge e de quem fica
Autor(a): Elena Ferrante
Editora: Biblioteca Azul
Páginas: 416
Ano: 2016
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No terceiro volume da série napolitana, Lenu e Lila partem para os embates da vida adulta. Numa sequência angustiante e sem espaço para a inocência de outrora, Elena Ferrante coloca o leitor no meio do turbilhão que se forma das amizades, das relações sociais e dos interesses individuais. História de quem foge e de quem fica é uma obra de arte a respeito do amor, da maternidade, da busca por justiça social e de como é transgressor ser mulher em um mundo comandado pelos homens.

 Atenção: esse texto pode conter spoiler do primeiro livro da série Napolitana

Nesse terceiro livro, tudo que a história já tinha me deixado presa, me deixou agora escrava dessa leitura. Aqui nos acompanhamos a consolidação da fase adulta das personagens, quando finalmente, ao meu ver, Elena se apossa da mulher que é e das suas escolhas enfim, já que até aqui mesmo com tanta bagagem, ela se sente sempre presa as opiniões alheias sobre suas escolhas e sempre inadequada aos espaços que ocupa. Porém, percebo que pode não ser uma liberdade definitiva, já que por viver tanto tempo precisando de validação, sei que provavelmente em algum momento ela poderá ceder.

"Você é forte.", respondeu ela para minha surpresa, "eu nunca fui forte. Você, quanto mais se sente verdadeira e está bem, mais se afasta."

Tudo que eu pensava sobre a Lina/Lila nos livros anteriores, só tomou uma forma ainda mais concreta visto que com a vida adulta a gente tende a demonstrar mais claramente e de forma menos dissimulada quem realmente somos. Já com Elena, eu realmente me surpreendi quando ela foi se envolvendo com as causas sociais, entendendo melhor seu lugar no mundo e seus desejos para vida, além é claro da forma como ela buscou exercer todas as suas vontades sem reflexões muito complexas ou forçadas, apenas vivendo as coisas cada uma em seu tempo.

Vocês professores insistem tanto no estudo porque é com ele que ganham a vida, mas estudar não serve pra nada, nem melhora as pessoas, ao contrário, torna-as ainda mais cruéis.

A escrita da Elena Ferrante me envolveu de forma única e agora me sinto profunda conhecedora das tradições italianas relacionadas tanto aos costumes de sobrevivência das periferias, quanto das pessoas mais afortunadas e o crime que se assemelha a algumas coisas no Brasil, mas segue com suas particularidades. A autora constrói personagens tão humanos, que chego a pensar que a sua protagonista pode ser ela mesma em algum momento da vida, já que seu olhar sobre o entorno é bem similar ao que qualquer pessoa poderia descrever sobre seu ambiente de convívio.

Um homem, exceto nos momentos de loucura, em que você está apaixonada e ele te penetra, fica sempre de fora. por isso, mais tarde, quando você deixa de amá-lo, só de pensar que você já gostou dele lhe dá rancor.

Conforme a Elena/Lenu vai despertando para alguns assuntos, passei a entender como eu mesma comecei a viver algumas pautas, sentia incômodos e quando aprendia a nomear cada um deles, a vida não se tornou mais fácil, apenas complexa com propósito como aqui. Os desenhos da complexidade humana me deixam atordoada em momentos que acho que mais nada pode acontecer. Me bateu a tristeza de saber que só tem mais um, sei que vou sentir muita falta dessa história.

Você entende , Lenu, o que acontece com as pessoas: a gente tem coisa demais por dentro, e isso nos incha, nos arrebenta.

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