Título: Refém da Obsessão
Autor(a): Alma Katsu
Editora: Novo Conceito
ISBN: 9788581632391
Páginas: 352
Ano: 2013
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Havia uma parte em Lanny que queria ser punida. Um pedaço de seu coração que acreditava que ela merecia o horror de ser imortal, a tristeza de ver todos aqueles que amara partirem, enquanto ela só podia conviver com as perdas e as lembranças. Terríveis e solitárias lembranças. Este “dom”, oferecido pelo mais malvado dos homens, Adair, era, para ela, a resposta a uma pena que ela deveria cumprir. Mas, apesar das culpas e do castigo que pensava merecer, ela ainda sonhava. E esperava ser redimida por ter dado a Jonathan — seu grande amor — o esquecimento que purifica todo ser de sua dor: a morte. No entanto, bem no fundo de sua alma, ela suspeitava que, fosse o que fosse que a atraísse para Adair (e para sua maldade), fosse qual fosse o infeliz sentimento que os aproximara, este sentimento não fora totalmente exorcizado. Não importava que ela tivesse chegado ao cúmulo de emparedar aquele homem mau e deixá-lo para apodrecer, não importava que o tempo tivesse passado, nem que, hoje, ela pudesse contar com o apoio e os braços fortes e acolhedores de Luke... Adair estava por perto, ela podia senti-lo, e seu poder era inexorável.
Essa resenha contém spoilers do primeiro livro da trilogia: Ladrão de Almas.
Ainda lembrava bem da confusão que foi na minha mente ler o primeiro volume dessa trilogia, Ladrão de Almas no ano passado, quando iniciei a leitura dele. Refém da Obsessão também me envolveu durante a leitura, me surpreendeu, mas não foi nem metade do que eu esperava, não que isso signifique que eu tenha me decepcionado, pelo contrário, fiquei encantada com a capacidade da autora de me surpreender.
Lanny pode dizer agora que enfim encontrou alguma tranquilidade em sua vida. Desde que conheceu Luke em um momento extremamente difícil e ele conquistou sua confiança a ponto de fazê-la compartilhar seus piores segredos com ele por ter a certeza de que ele não passaria a vida julgando suas escolhas. Mas, o que ela menos esperava acontece, e ela começa a perceber que algo que ela imaginava estar enterrado havia mais de 100 anos, esta de volta para perturbá-la e puni-la. Como ela sempre soube que merecia ser punida pelos seus erros, ela tenta evitar esse fatídico encontro e buscar ajuda em antigos conhecidos, mas vai descobrir que a essência das pessoas nunca muda, mesmo quando se passam muitos anos e quando se compartilham segredos.
Estaria sozinha de novo, mas a verdade é que estamos todos sempre sozinhos. Eu tinha aprendido perfeitamente bem essa lição.Se em Ladrão de Almas, somos levados a conhecer a história de Lanny e os motivos que a leva a chegar com Jonathan em Saint Andrew, nesse segundo volume vamos descobrir mais sobre Adair, um homem misterioso, apaixonado por medicina e alquimia, mas acima de tudo ambicioso. Tudo que ele sempre quis foi poder e toda essa busca pelo poder o tornou o homem frio que Lanny conheceu e nos mostrou no livro anterior, mas claro que vendo pelo lado dele, vamos entender como ele se tornou esse ser temido.
Página 36
Quando vi na sinopse que Adair provavelmente atormentaria Lanny depois de tantos anos, confesso que fiquei com medo do que a autora faria para trazê-lo de volta e, felizmente, ela não me decepcionou e fez algo perfeitamente convincente, mesmo que totalmente diferente do que eu imaginava. Conseguiu mostrar a leitor todas as nuances do personagem, desvendando a sua origem aos olhos e deixando todos os outros personagens sem entender o seu comportamento conforme ele mesmo pensava sobre tudo. Deu um ar de confidente a quem lê, sem tirar o mistério que envolve a trama.
(...) - Se conseguimos ver nossos erros e aprendemos a mudar, não deveria ser isso o que importa? Isso não deveria nos tornar dignos de sermos perdoados? Espero que um dia, talvez, seja.
Páginas 103/104
Apesar de Lanny ainda ser a protagonista, o personagem que realmente se destaca é Adair, já que a autora resolve desvendar os mistérios que envolvem o personagem e isso faz com que ele ganhe muito mais espaço nesse livro. Percebemos que ele e Lanny tem muito mais em comum do que aparentam, já que ambos são literalmente reféns da sua obsessão por algo/alguém. Podemos perceber como sutilmente o amor pode escravizar alguém que fica obcecado.
- As pessoas não mudam, Adair. O que muda é o mundo ao redor delas. (...)
Página 236
A autora permanece utilizando a narrativa em primeira pessoa pelo ponto de vista de Lanny e terceira pessoa sobre os outros personagens, mesclando passado e presente para que a história não pare, mas possa mesmo assim nos revelar o porque de nossos personagens terem chegado as situações de atualmente. Além disso, ainda tem aquele toque melancólico em Lanny, mas agora Adair também compartilha disso. Ambos expõem seus sentimentos, medos e desejos mais profundos.
A narrativa da autora intercala o passado e o presente dos personagens, e isso faz o leitor desvendar um pouco mais da trama e entender porque Lanny e Adair tem tanto em comum em suas histórias. Isso também ajuda o leitor entender o que o personagem está passando e o porque de sua constaente instabilidade e mudanças de comportamento.
A diagramação interna é excelente - não vou falar sobre a capa mais, prometo - seguindo o mesmo padrão da edição anterior e com poucos erros no texto, nada que atrapalhe o leitor a embarcar nessa história que mesmo com a carga sobrenatural, mostra muito da essência do ser humano e o quanto suas escolhas podem interferir no seu futuro, mesmo que ele não dure tanto quando o dos personagens. Recomendo.
Esse livro foi cedido para resenha pela Editora Novo Conceito.
Obs.: Esse post não é um publieditorial, mas compras efetuadas a partir de alguns dos links contidos aqui, geram renda para o blog.
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