Resenha: Metrô 2033




Título: Metrô 2033
Autor(a): Dmitry Glukhovsky
Editora: Planeta
ISBN: 9788576655473
Número de páginas: 415
Ano: 2010
Skoob
Países inteiros destruídos, florestas devastadas, escassez de alimentos e água. O ser humano já não tem mais o comando sobre a Terra. Novas formas de vida a dominam. Um desastre nuclear varreu a superfície terrestre e obrigou os poucos sobreviventes a uma existência sem sentido e sem esperança nos túneis do metrô de Moscou.
É nesse cenário pós-apocalíptico que Dmitry Glukhovsky traz o tema que enche o ser humano de curiosidade e incerteza: a possibilidade do fim do mundo. Metrô 2033, que inspirou a criação de um dos games mais eletrizantes da atualidade, cria uma atmosfera caótica ao tentar mostrar como se comportaria um ser humano em um ambiente onde o que predomina é o instinto de sobrevivência.
Opinião do Colunista Guilherme
Metrô 2033 é um dos melhores livros de ficção que já tive o prazer de ler. Meu primeiro contato com a obra foi através do game, o qual achei consideravelmente bom e me atraiu para saber mais sobre o universo criado por Dmitry. Para minha grata surpresa, o livro supera em muito a trama do game, com detalhes criativos que estabelecem bem o cenário e questionamentos dolorosos sobre política, moral e religião e como o ser humano se encaixa em tudo isso.

A premissa é bastante simples: uma guerra nuclear devastou a superfície do planeta e os poucos sobreviventes moram em metrôs. As diversas estações agora são como nações onde as pessoas dormem, trabalham e fazem o possível para sobreviver. Nesse contexto, Artyom, um jovem russo que passou sua vida inteira dentro do metrô e nunca viu o céu, é mandado em uma missão de suma importância, que pode decidir o destino dos habitantes de sua estação e talvez até mesmo de todo o metrô.

Até aí nada muito diferente de um livro de aventura. O diferencial está na jornada de Artyom. Ela não é focada apenas no objetivo a ser cumprido; pelo contrário, seu foco está principalmente nos aspectos do metrô e nas impressões que ele têm conforme avança. É aí que o autor usa o cenário pós-apocalíptico para expor o pior (e o melhor) do ser humano. Pois o metrô não é um lugar pacífico. O metrô é a nova biosfera da humanidade, onde crenças e ideologias conflitantes, antes separadas por milhares de quilômetros, agora estão há apenas algumas centenas de metros umas das outras.
A disponibilidade de lugares no paraíso é limitada; só no inferno o acesso é aberto a todos.
Página 209
Existe uma eterna guerra entre o Partido Comunista e o Quarto Reich. Estações dominadas por satanistas ou por religiosos fanáticos. Monstros oriundos da radiação na superfície atacando o subterrâneo. Uma fraca tentativa de governo central e muito mais acontecendo nesse mundo caótico. Dmitry mostra que nem mesmo o holocausto nuclear será o suficiente para o ser humano aprender sua lição. O conflito sempre existirá.

Mas nem tudo é desgraça no metrô. Ainda existem bons camaradas tentando fazer o seu melhor e as crianças não deixaram de sonhar. Mas a vida nele é muito dura e o livro expressa isso muito bem nos detalhes. Por exemplo, o fato de usarem cartuchos de munição como moeda corrente.

Será que, na verdade, a persistência com que seguia sua jornada influenciava os eventos futuros?
Página 236 
Recomendo esse livro para todos que apreciam uma progressão lenta porém rica da trama. Não encontrarão em Metrô 2033 muitos momentos de ação intensa, pois ele é bem realista em se tratando de como as pessoas agem. O que o livro contém são vários momentos de tensão, com situações perigosas e perturbadoras. É um livro consideravelmente pesado, que não poupa ninguém para mostrar a hostilidade de seu mundo. 

Não recomendo para aqueles com estômago fraco ou que não tenham muita paciência para esperar a trama se desenvolver. Ao longo do livro você talvez se veja pensando sobre suas próprias crenças e até onde elas podem ser benéficas ou maléficas. Quando um livro consegue fazer isso, você sabe que ele é bom.

PS: Um último detalhe interessante é que na capa 2 do livro há um mapa do metrô de Moscou, com legendas mostrando quais estações são dominadas por quais facções. Não é um mapa perfeito e muitas vezes você irá se perder nele, mas é um bom adendo para acompanhar a jornada de Artyom.

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