Resenha e Sorteio: O silêncio das montanhas




Título: O silêncio das montanhas
Autor(a): Khaled Hosseini
Editora: Globo Livros
ISBN: 9788525054081
Páginas: 352
Ano: 2013
O Silêncio das Montanhas traz como protagonista os irmãos Pari e Abdullah, que moram em uma aldeia distante de Cabul, são órfãos de mãe e têm uma forte ligação desde pequenos. Assim como a fábula que abre o livro, as crianças são separadas, marcando o destino de vários personagens. Paralelamente à trama principal, Hosseini narra a história de diversas pessoas que, de alguma forma, se relacionam com os irmãos e sua família, sobre como cuidam uns dos outros e a forma como as escolhas que fazem ressoam através de gerações. Assim como em O Caçador de Pipas, o autor explora as maneiras como os membros sacrificam-se uns pelos outros, e muitas vezes são surpreendidos pelas ações de pessoas próximas nos momentos mais importantes. Segundo o próprio Hosseini, o novo título "fala não somente sobre a minha própria experiência como alguém que viveu no exílio, mas, também sobre a experiência de pessoas que eu conheci, especial os refugiados que voltaram ao Afeganistão e sobre cujas vidas tentei falar tanto como escritor quanto como representante da Organização das Nações Unidas. Espero que os leitores consigam amar os personagens de O Silêncio das Montanhas tanto quanto eu os amo". Seguindo os personagens, mediante suas escolhas e amores pelo mundo - de Cabul a Paris, de São Francisco à Grécia -, a história se expanda, tornando-se emocionante, complexa e poderosa. É um livro sobre vidas partidas, inocências perdidas e sobre o amor em uma família que tenta se reencontrar.

Assim que soube que esse livro seria lançado, fiquei empolgada para conferir. O primeiro livro do autor que tive o prazer de ler, foi O caçador de pipas em 2009, um livro que amei tanto que chorei no trem lendo. Logo depois, tentei me aventurar com A cidade do sol, mas a experiência não foi a mesma, e abandonei o livro nas três tentativas que fiz, não por ser ruim, mas por achar ele triste demais e não conseguir prosseguir.

Desde então queria outro livro do autor pra ler e quebrar essa sensação de que apenas um livro dele me agradou. Antes de iniciar a leitura, pensei que podia ser mais um livro devastador e fiquei bem receosa com isso, só que logo nas primeiras páginas, percebi que seria algo diferente dos outros e me encantei logo no primeiro capítulo.
De repente, Abdullah desejou que o pai agradecesse àquelas pessoas pelo chá e pelos biscoitos, pegasse os dois filhos pela mão e saísse daquela casa cheia de pinturas, de cortinas e de todo aquele luxo e conforto. Poderiam reabastecer as bolsas de água, comprar pão e alguns ovos cozidos e voltar pelo mesmo caminho pelo qual haviam chegado.
Página 46
A história começa com uma fábula que nos introduz aos acontecimentos que serão narrados durante o livro pois fala de perdas e escolhas em uma situação em que qualquer seria forçado a sofrer independente do caminho escolhido pra seguir. A partir daí, conhecemos Pari e Abdullah, dois irmãos órfãos de mãe, que nutrem um amor gigantesco um pelo outro, mas devido a questões que só quem viveu algo similar pode entender, são brutalmente separados e precisam viver suas vidas de forma parcial, sempre com a certeza de que falta algo dentro deles. O sofrimento de Abdullah pode ter sido mais intenso por sempre se lembrar da irmãzinha e de como foram separados, mas fiquei imaginando como é viver sabendo que te falta algo, mas não saber o que é que falta como aconteceu com Pari, me pareceu totalmente perturbador.
A resposta da mãe era perfeitamente razoável, mas também insatisfatória. Pari acreditava que realmente se sentiria mais inteira se o pai ainda estivesse vivo, se estivesse ali com ela. Mas também se lembrava de se sentir assim ainda criança, morando com os pais no casarão de Cabul.
Página 166
Como a própria sinopse já diz, durante o livro, vamos conhecer histórias de outras pessoas também que tiveram de alguma forma as suas vidas ligadas as de Pari e Abbdulah, mas que tem suas  próprias histórias, seus medos e seus dramas contados de forma totalmente solta do enredo principal, me arrisco a dizer, que é um livro com histórias lindamente contadas, de forma que o leitor se envolve e se cativa com cada uma delas, chegou a ser difícil pra mim falar sobre uma em particular, mas a do Markos Varvaris e da Nila Whadati, me despertaram reflexões sobre amor entre pais e filhos muito diferentes de tudo que eu já vivi e li na vida.
Adel foi sincero quando falou com a professora um pouco antes. Ele sabia que tinha sorte de ser filho de um homem assim.
Página 212
A história de Markus e sua conturbada relação com sua mãe, em diversos momentos me fez querer entrar no livro e dizer pra ele que a mãe dele, era perfeita como qualquer mãe pode ser aparar o seu filho nas condições que ela pode criar ele e que ela também poderia ser mais grata pelo filho que tinha, sem contar o dilema da jovem Thalia filha de uma amiga de infância da mãe de Markus, que teve seus maiores sonhos arrancados por um trágico incidente e ensina a ele que a mãe é muito mais do que aquela fachada que ele quer enxergar.
Isso me deixa triste, porque revela a carência de mamãe, sua ansiedade, seu medo da solidão, seu pavor de ser largada, abandonada. E pelo que diz sobre mim, que sei tudo sobre ela e continuo firme e deliberadamente omisso, tratando de manter um oceano, um continente, ou de preferência os dois entre nós por quase três décadas.
Página 260
A narrativa é em primeira e em terceira pessoa, acredito que o autor soube escolher muito bem isso pois nas partes em que se trata das criança optou por terceira pessoa e quando se trata da reflexão dos adultos em primeira, o que nos faz manter uma conexão aceitável com cada um dos personagens, mas o fato de cada capítulo carregar uma história independente (apenas dois dos nove capítulos, falam com mais detalhes sobre Pari e Abdullah), tornou os capítulos extensos e se o leitor não se envolver com os acontecimentos, a leitura pode sim se tornar cansativa, o que não foi meu caso.
Eles me dizem que vou entrar em águas que logo vão me afogar. Antes de ir em frente, deixo isto na praia para você. Rezo para que a encontre, irmã, para que saiba o que estava em meu coração quando afundei.
Página 346
A diagramação é simples, com folhas amareladas e letras pequenas sem nada em especial. A capa ilustra uma cena do tema central da história que é a separação de Pari e Abdullah, mas eu achei uma no Good Reads bem mais bonita do que essa e mais perfeita pra história.



De uma forma simples, com uma linguagem quase poética, Khaled consegue nos mostrar que nunca é tarde para se recuperar de um trauma e reorganizar uma família, e que o tempo pode ser um aliado e um inimigo dos relacionamentos familiares, revelando as nossas qualidades e defeitos da forma mais inesperada possível. Se eu não tivesse me apaixonado pela escrita dele em O caçador de pipas, teria com certeza sido arrebatada agora. Recomendo para quem gosta de histórias bem construídas e entrelaçadas, fiéis as situações cotidianas em que tudo é imprevisível.

Sorteio

Eu ganhei um exemplar em uma promoção do skoob, mas por engano chegaram dois pra mim e nada mais justo do que sortear pra vocês. As regras são as habituais que é ter endereço de entrega no Brasil e preencher o formulário corretamente com um e-mail válido para que seja feito o contato.
Regulamento completo da promoção está no Terms & Conditions do formulário.

Boa sorte.



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