#SemanaDoEbook - Mercado



Assim como a Rapha do Equalize da Leitura citou no post de dela ontem sobre os e-readers, nós nos unimos para falar sobre os e-books essa semana por conta de todas as discussões que vem surgindo referente ao assunto desde a chegada dos e-readers no Brasil em dezembro do ano passado. Li meu primeiro e-book em torno de 5 anos atrás no celular, era um artigo da faculdade em formato java por não ter dinheiro pra imprimir. Não tinha a possibilidade de fazer muitos ajustes de fonte e nem anotações, no máximo marcar algumas citações para serem lembradas depois, só que mesmo assim eu comecei a me encantar pela praticidade que ele poderia me trazer.
Na época a Amazon tinha acabado de lançar o primeiro Kindle, por cerca de U$ 200, se não me engano e eu nem imaginava toda a evolução que ele traria para o mercado editorial pois não foi o primeiro aparelho com essa proposta. Posso até me arriscar em dizer que a Amazon ao trazer o Kindle reinventou o mercado e, porque não, valorizou o e-book como produto além de pensar em novas maneiras de vender o próprio livro fisíco.
Confissões a parte, um dos maiores sonhos (ou desejos, chame como preferir) das pessoas que como eu já aceitavam os e-books antes da chegada dos e-readers, era que a chegada tão esperada da Amazon.com.br, iria mudar radicalmente, da noite pro dia, os preços e a aceitação dos e-books porque o e-reader chegaria mais barato e o preço do e-book cairia, mas óbvio que não foi assim. Os motivos são bem simples, mas o principal é: os consumidores brasileiros hoje, são bem diferentes dos americanos que receberam o Kindle 5 anos atrás. Enquanto hoje nós já temos tablets e smartphones como dispositivos de leitura de e-books além de fazer outras coisas, o Kindle era uma novidade que diminuiria a pilha de livros, com uma tela que reproduzia o conforto de uma leitura no papel.

Imagem retirada do site Info Online
Muita gente me fala que o produto livro em geral é caro seja ele digital ou físico, e por isso não se permite comprar o tanto que eu compro. Até dezembro, eu usei muito o argumento de que quando a Amazon chegasse ao Brasil, isso provavelmente mudaria porque ela viria com um site similar ao maravilhoso Amazon.com que a gente já conhece, mas isso não aconteceu e lendo alguns artigos sobre vendas de livros, pude perceber que os livros passaram por uma discussão similar sobre o preço cerca de 50 anos atrás com a chegada das versões pockets que eram muito mais baratas que as versões normais e que forçaram uma queda de preços significativa naquela época. O que impulsionou isso antes e agora (não no mercado brasileiro, mas nos EUA), foi a auto-publicação que apesar de sabermos que no modo tradicional tem um custo elevado em e-book, o custo diminui muito, mesmo o autor custeando revisão, capa e divulgação que faz que o preço pro consumidor seja mas baixo. A auto-publicação já mexeu com o mercado em outras épocas que algumas pessoas já falam que ela é uma ameaça ao processo tradicional de publicação, o que eu discordo totalmente, acho que só tende a mostrar novas tendências de vendas e trazer mais diversidade de conteúdo. 


Na questão de composição do preço e-book, ficamos de frente com vários fatores pois o consumidor que poderia se sentir atraído em comprar o e-book não aceita que uma versão impressa seja, algumas vezes, mais barata como é o exemplo do livro Crônicas de Nárnia- Volume Único de C.S. Lewis que tem um preço de tabela por volta dos R$ 90, mas é fácilmente encontrado no submarino entre R$ 20 e R$ 30. Entretanto, sua versão digital não custa menos de R$ 63,90. Óbvio que você já viu por aí que as editoras tem se comprometido a trazer a versão digital por um valor 30% a 40% mais barato que o preço da tabela do impresso, mas com essas diversas promoções que os impressos tem e o os e-books ainda não, isso não fica tão aparente. Também interfere no valor a procura que ainda é muito baixa e não ajuda a alavancar a concorrência. Acredito que agora é aquele momento em que você pensou a seguinte frase, ou algo parecido:
- Mas a editora economiza com papel, tinta e transporte nas vendas já que não precisa deslocar fisicamente os e-books. Isso não deveria reduzir os preços?
A resposta é não. A versão digital ainda paga por direitos autorais, revisão, editoração e distribuição como as versões impressas e, mesmo que não se gaste imprimindo o livro, se gasta com DRM (digital right management) para evitar a cópia ilegal (pirataria) do e-book, que gera prejuízos que já foram intensamente discutidos pelas gravadoras. Resumindo, acaba sendo quase a mesma coisa, conforme mostra esse gráfico do site Revolução e-book sobre a divisão de custos para a produção de um e-book com o valor de R$ 30 de abril/2012.


Como você pode perceber a distribuidora, da mesma forma dos livros físicos, também está presente no comércio dos livros digitais, a mais conhecida e falada nos últimos tempos foi a Xeriph que negociou em nome de algumas editoras muito conhecidas com a Amazon e foi citada em alguns sites de notícias e jornais.
Apesar de alguns leitores acharem que o e-book é um texto sem graça, sem nenhuma diagramação específica inspirada no conteúdo, as editoras se preocupam muito com a diagramação atrativa dos e-books, que eu reconheço ser mais trabalhosa pois tem que ser elaborada de uma forma que se adeque a diversos aparelhos com caracteríticas similares, mas nem sempre totalmente compatíveis, como no caso dos tablets serem coloridos e nos e-readers com e-ink (tinta eletrônica), não porque o livro tem que continuar visualmente atrativo em qualquer formato pois isso atrai o leitor. Confira abaixo alguns exemplos de diagramação em e-books.

Diagramação simples dos e-books A Jornada da autora Erin E. Moulton, Editora Novo Conceito e Extraordinário da autora R. J. Palacio, Editora Intrínseca, respectivamente. Basta clicar para ampliar as imagens.


Imagens da diagramação do e-book O circo da Noite da autora Erin Morgenstern, Editora Intrínseca.


Diagramação do e-book As aventuras de Alice no país das maravilhas & Através do espelho e o que alice encontrou por lá do autor Lewis Carrol, Editora Zahar.


Óbvio que só isso não justifica os preços, mas se considerarmos que a procura, apesar de parecer alta com a chegada dos e-readers, ainda é baixa e dificulta a divisão dos custos entre os consumidores e geração de lucros, afinal isso é um comércio que visa lucros, podemos compreender o porque aqui ainda tem essa enorme diferença. Como a chegada dos e-readers é recente, ainda não tem pesquisas específicas sobre as vendas atuais no Brasil, mas segundo o mesmo artigo do site Revolução E-book que traz a tabela que compõe o preço do e-book, o maior best seller digital do Brasil, a biografia de Steve Jobs, em abril do ano passado tinha vendido mais de 5 mil cópias. Se comparado com a demanda do livro impresso, com certeza a diferença é grande. Na mesma época, a maioria dos livros digitais chegava a vender no máximo 100 cópias. Fora a inserção considerável de pequenas livrarias no comercio de livros digitais. que não acontece pois para iniciar no e-commerce tem que se manter um site seguro, instável e um catálogo atrativo que não é barato, além de algumas editoras não demonstrarem interesse em vender seus títulos através de pequenas livrarias. Felizmente, esse quesito das pequenas livrarias não é problema apenas no Brasil, então é algo que será evoluído pelo mercado em geral.


Se você ainda tem receio de que os livros digitais vão dominar o mundo e você vai perder a possibilidade de cheirar um livro físico, fique tranquilo porque temos espaço para os dois existirem e não podemos descartar nenhum dos dois. Um nunca poderá existir sem o outro, assim como o e-book destrói menos árvores e ataca menos a rinite/sinusite de algumas pessoas, o livro físico gera menos lixo digital, portanto não haverá uma substituição direta nunca e uma relação insubstituível com o leitor.


Você se balançou com esses fatos, mas ainda acha que o preço não vai te fazer se render ao e-book por ser mais caro ou o mesmo preço que um livro fisíco? Nem sempre isso é verdade. Assim como a compra do livro físico, a do livro digital exige pesquisa e, óbvio que pra mim que tenho um tablet é mais fácil pesquisar para comprar por não ter as limitações que alguém que tem o Kindle ou Kobo pode ter, mas quando você opta por um e-reader específico deve ao menos saber quais são as suas possibilidades de compra com ele. Enfim, uma coisa vai levando a outra e percebemos que o tema não pode ser esgotado em um simples post (mesmo com o texto extenso como esse), portanto pode e deve ser intensamente explorado e debatido por isso te convido a deixar sua opinião ou dúvidas nos comentários para refletirmos ao longo da semana.

Continue acompanhando os textos da semana do e-book, conforme a programação abaixo e ajudem a divulgar usando a hastag #SemanaDoEbook em seus tuítes, enviando perguntas e dúvidas.

#1 – dia 1/4 – E-readers – Equalize da Leitura
#2 – dia 2/4 – O mercado – Leitora Incomum
#3 – dia 3/4 – Os consumidores – No Universo da Literatura
#4 – dia 4/4 – Auto-publicação – Murmúrios Pessoais
#5 – dia 5/4 – Marketing – Pausa Para Um Café
#6 – dia 6/4 – O futuro – Mon Petit Poison
#7 – dia 7/4 – Promoção – todos

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