Entrevista: Peterson Silva


Oi pessoal estou aqui para apresentar a entrevista que fiz com o Peterson Silva, um escritor muito talentoso que conheci alguns anos atrás.

Autor Peterson Silva - foto de arquivo pessoal
O Peterson escreve ficção, já tem um livro publicado chamado M10, que narra a história da Vanessa uma dona de casa que um dia percebe que o diário em que ela fazia anotações está num local onde ela não colocou e quando ela vai olhar o local onde ela lembrava de ter deixado o diário há um diário quase idêntico àquele que ela encontrou, inicialmente ela não se da conta, mas com o decorrer do tempo ela percebe que aquele diário que ela achou voltou no tempo. Eu gostei muito do livro e recomendo a leitura, vocês podem conferir mais sobre ele aqui.

Atualmente ele vem trabalhando na série Controlados, que é uma série que fala sobre magia, ainda não tive a oportunidade de iniciar a leitura, mas tenho fé que ele vem fazendo um bom trabalho. O mais legal dessa série é que quem quiser poder acompanhar tudo online e de graça através do site da série, lá você pode fazer o download dos capítulos em pdf, epub, ler online e também comprar a versão física do Volume I - A Aliança dos Castelos Ocultos. Ah! Também tem a loja Controlados, onde você pode comprar camisetas, botons, mousepad e até case para celular! Vocês não ficar de fora dessa né?! 

E fazendo uma doação a partir de R$ 5 ou comprando a edição física ou comprando um dos produtos da loja Controlados você ganha acesso ao Universo Estendido, um cantinho onde você terá acesso exclusivo a documentos e rascunhos da produção, a história de vida de vários personagens, conteúdo extra sobre a mitologia e simbologia da série, conteúdo extra sobre a história de Heelum, capítulos extras e ainda acesso antecipado aos novos livros. O que você está esperando para participar logo dessa? Opa, calma ai, antes de ir não deixe de conferir o papo que tive com o Peterson (:

Thalita: Qual a pior e a melhor parte de ser um escritor?
Peterson: A pior parte - e acho que no Brasil isso fica pior ainda - é a dificuldade de promover seu trabalho. Num país que prestigia escritores e o hábito de ler, mas não lê nem faz, em geral, esforço pra cultivar e gerar novos escritores, promover e engajar as pessoas no que você faz é mais complicado. Pense nas outras artes: se você for um fotógrafo, é fácil promover o seu trabalho. Só mostre suas fotos; cada uma demora uns 5, no máximo 10 segundos pra contemplar. Mesma coisa com um pintor, um artista plástico, e principalmente um músico - jogue sua música no youtube e é muito simples o caminho do público em potencial com a sua música. É direto, é jogo rápido, e praticamente todo mundo gosta de música. Mas o que eu vou fazer pra promover o meu trabalho? Eu chego pra alguém com um xerox da primeira página do livro e peço pra pessoa ler? Recito pra alguém algumas "frases marcantes"? Isso não representa o trabalho de um escritor. A pessoa tem que ir lá e ler. Isso leva mais tempo do que as pessoas geralmente tem - repito, isso no Brasil. Não que fosse mais fácil lá fora, mas quando o hábito de ler é mais pervasivo, é mais fácil a pessoa de fato ouvir a sua recomendação, ir lá pegar o livro e começar a ler.
E, bem, a melhor parte é o trabalho em si. Antes de qualquer divulgação, de qualquer preocupação com quem vai ler ou como, a criação em si é boa demais. Todo o tempo que se passa pensando os personagens, construindo uma trama, arquitetando o futuro e principalmente a dor de que ter que passar isso tudo pro papel - mas é uma dor boa.

Thalita: A questão da divulgação literária no Brasil é algo complexo, o Governo não investe, o Brasil é tradicionalmente um país com poucos leitores, um país onde só a "classe alta" tem acesso e no qual ficou muito marcado que só lê quem não trabalha, sendo assim tem tempo. Divulgação de livros já é algo difícil isso juntamente com os problemas do Brasil torna divulgar ainda mais difícil e com a quantidade de conteúdo disponível atualmente é quase impossível diferenciar aquilo que vale a pena ser lido do restante das coisas. Creio que o boca a boca não é um problema apenas brasileiro, a quantidade do que é produzido é absurdamente grande por mais que você conheça a pessoa ou então ouça algum comentário positivo sobre a obra ou ainda que goste da ideia principal nem sempre o leitor vai ter tempo e oportunidade para ler aquela obra, eu mesma passo por isso, tenho vários livros aqui que sou louca para ler, mas nunca tenho tempo. Tornar o livro mais desejado pode até ajudar, mas de pouco adianta em meio a tudo o que é lançado diariamente. O ser humano vem produzindo e publicando coisa demais, vai chegar um momento que iremos todos enlouquecer com tanta informação T_T .

T: Você escolheu a escrita ou ela lhe escolheu?
P: Posso pegar uma saída de emergência apelando pra dialética? =P
Acho que depois de um tempo "escolhendo" a escrita ela começa a fazer mais parte de você enquanto modo de expressão preferido. Mas acho que hoje em dia seria realmente difícil não escrever. Acho bom que a escrita tenha continuado a me escolher e ainda me escolha :)

T: O que te inspira para escrever?
P: As opressões do mundo, eu acho. Mas o que acho mais inspirador - e acho que é uma mudança que tem a ver com a minha formação em sociologia - é a forma de ação (e também reação) das pessoas frente às situações. Acho esse impulso humano, esse frágil livre arbítrio, uma coisa muito interessante e que está no centro das histórias mais legais. Vai ver por isso que o meu gênero preferido é o realismo fantástico. Colocar as pessoas em uma situação anormal pra ver o que elas fazem com aquilo.

T: Eu tenho um pouco de medo da reação das pessoas diante de situações anormais, no fundo no fundo eu perdi a fé na compaixão humana e isso me leva a pensar que o ser humano vai sempre reagir de forma negativa perante a situação anormal, ainda mais se a situação for negativa, sem contar a reação do ser humano perante situações anormais, mas que hoje são consideradas normais, o ser humano conseguiu transformar a miséria, o trabalho infantil, a escravidão, a poluição, a ganância, a falta de amor em algo totalmente normal, algo do dia a dia, um ser que consegue fazer isso só pode fazer algo pior, dai vem minha perda de fé na compaixão, só consigo pensar "oh, ele vai fazer algo desprezível" e se eu sei que algo desprezível virá eu não vejo motivos para continuar com aquilo heuheue, só me trata pesadelos e mais decepção com a humanidade hueheu.
P: Quanto aos comentários, eu concordo com a maioria do que você disse. Só não acho que seja uma questão de "perder a fé" na humanidade; se a fé for de que um dia todos seremos bondosos e viveremos de acordo com um certo padrão moral a fé já era meio ruim pra começar... Mas acho que podemos alcançar um certo nível de melhoria coletiva se trabalharmos pra isso =) nós não somos só isso que vemos em nossa sociedade, filtrado pela nossa mídia, condicionado pelo pessimismo... Acho que somos muito mais =}

T: Quais seus autores favoritos?
P: Eu gosto muito de Douglas Adams, Zafón, Machado de Assis, Saramago - muitos desses casam bem, note bem, com a proposta do realismo fantástico acima; do Guia dos Mochileiros ao Jogo do Anjo passando pelo Alienista e pelo Ensaio sobre a Cegueira essa é a proposta deles. Em termos de leitura eu acho que tenho me focado em algumas obras de muitos autores do que muitas obras de um só, então não tenho muita propriedade pra falar de autores na totalidade de suas obras, mas a lista é grande... Tem Tolkien, Stephen King, Dostoiévski... Os populares que também acho bons, como a Rowling e o Dan Brown, enfim.

T: Para você o que é ser um escritor independente?
P: É ter liberdade criativa. É assim simples. Não acho que isso seja conversa fiada; quando mandei o M10 pra uma editora (e olha que era uma editora daquelas que exige pagamento para a publicação, etc) os comentários da aprovação deles foram no sentido de mudar uma série de coisas na estrutura do texto - coisas intencionais, que eu queria que ficassem assim e acho que são prerrogativa do autor. Se isso acontece numa editora pequena, com um autor iniciante, o que acontece quando o autor que ainda não tem tanto "capital", digamos assim, pra bancar uma iniciativa criativa é recebido por uma editora que quer mudar alguma coisa no livro? Ao mesmo tempo, essa liberdade vem com um preço. Tem seus lados bons e ruins, eu acho.

T: Se você não fosse escritor, qual profissão escolheria?
P: Talvez alguma relacionada à linguagem, certamente - já faço trabalhos de tradução e sou professor de inglês, então acho que seria um caminho bom pra mim. Mas algo na área das ciências sociais também seria ótimo. Não descarto essa última possibilidade, até porque para ser só escritor há um longo caminho pela frente.

Como vocês podem ver o papo foi bem rápido, mas espero que isso os tenha instigado a querer conhecer mais sobre o trabalho do Peterson, autor que eu sem sombra de dúvidas recomendo. Agora sim eu deixo vocês clicarem nos links que eu coloquei acima u.u .

Curtiram a entrevista? Comentem -q

Beijos e até breve \õ

Algumas informações sobre o livro:


Título: M10
Autor(a): Peterson Silva
Editora: Bookess
Páginas: 270
Ano: 2011
Vanessa era uma dona de casa como outra qualquer. Vivia uma vida normal, tinha um filho que morava em outra cidade e, quando mais nova, escrevia em um diário. Então algo estranho e inexplicável acontece, e um homem misterioso começa a rondar a casa. Ela não sabia, mas aquilo era o começo de uma aventura inimaginável que iria mudar sua vida. Várias vezes.




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