Resenha: Um rosto bonito




Título: Um rosto bonito
Autor(a): Lori Lansens
Editora: Bertrand Brasil
ISBN: 9788528615463
Páginas: 403
Ano: 2012
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Lori Lansens é conhecida internacionalmente por romances que levantam assuntos importantes. Em seu primeiro livro, trata do abandono de crianças pelos pais; no segundo, do nascimento de irmãs siamesas. Em Um rosto bonito, Lori apresenta a questão da obesidade e do amor próprio, mostrando que o sucesso está sempre na mão de cada um e que rótulos foram feitos para serem quebrados. Mary trabalha numa farmácia, tem 43 anos, 1,67 metro de altura, pesa 150 quilos e está se preparando para a comemoração de bodas de prata com o alto e bonito Jimmy Gooch. Contudo, ele desaparece, deixando-lhe um estranho bilhete e uma conta com razoável quantia. Assustada e sem compreender o porquê de tal atitude, Mary sai em busca de seu amado. Para muitos pode parecer normal, mas ela nunca esteve em um aeroporto, não sabe usar celular e se assusta com qualquer problema financeiro. Apesar do isolamento do mundo e da inércia em virtude, sobretudo, das gozações que recebe na vizinhança, a determinação e a meiguice da protagonista vão conquistar o leitor desde o início, fazendo-o se divertir, até mesmo, com os desejos alimentares que a atingem durante todo o dia. Lori Lansens trata de questões importantes, como a busca incessante pelo corpo perfeito e a não aceitação das pessoas diante de quem escolhe não seguir um script “ideal”. Além disso, traz à tona o debate sobre estar ou não apaixonado. Muitos leitores pensarão que Mary é louca pelo marido. Outros, que ela se acostumou com a vida e que tem medo de mudanças profundas. Qual será a verdade?

Esse livro foi cedido para resenha pela Editora Bertrand Brasil.
Quando Mary Gooch é abandonada pelo marido na véspera do aniversário de 25 anos do seu casamento, ela percebe que está totalmente perdida e desamparada pois nunca fez nada sem pensar ou depender dele. Ela até então, é extremamente depressiva e usa a comida para "afogar" suas perdas - o tempo perdido, os filhos que nunca teve, os pais, etc - e, consequentemente, sofre de obesidade mórbida. Mary sempre promete ao Amanhã que tudo será diferente, que ela vai tomar uma atitude, vai se movimentar, vai viver... Só que ela nunca cumpriu a promessa. Agora sem muitas opções após receber uma carta do marido pelo correio, que é o que a faz acreditar que foi abandonada, ela parte em busca de Jimmy Gooch e acaba encontrando tantas coisas que perdeu durante a vida e fazendo descobertas que até então, ela nunca pensara que precisava.

Confesso que quando eu li a sinopse e alguns comentários a respeito desse livro (não cheguei a ler uma resenha completa), eu esperava algo totalmente diferente do que ele realmente é. Até a personalidade de Mary, eu imaginava outra até porque em 25 anos, muitas coisas podem acontecer na vida de um casal, mas não é bem assim a vida desses dois. Apesar de o livro ter como início o sumiço de Jimmy, pouco a pouco pelas reflexões da protagonista vamos sabendo mais sobre a infância e adolescência dela, em como conheceu o marido e se casaram, o que ajuda a compreender as escolhas deles, a evolução do casamento, o relacionamento precário que ela tem com a sogra e, o mais importante, o que a levou a tamanha inercia.

Eu comecei com uma opinião totalmente formada sobre a situação, mas conforme fui conhecendo a história, fui me prendendo e sofrendo com a protagonista, já que a cada capítulo a autora nos presenteia com uma descoberta sobre quem é Mary e até onde ela pode chegar em sua busca. Busca que começa pelo marido, mas cai se estendendo para outras partes da vida dela, ela passa a se conhecer melhor, recebe ajuda de estranhos, faz novos amigos, etc. Mostra o quanto uma perda pode te levar a tantos outros ganhos, porque ela ganha muito nessa procura dolorosa pelo marido. A única coisa que me chateou de verdade foi o final, eu queria um final diferente, eu queria mais 5 páginas pra me dar o final que eu precisava (cheguei a gritar eu não acredito quando terminei, sinta meu desespero), porém depois de um tempo eu entendi que a graça - ou a falta dela para algumas pessoas - era não ter o final esperado por ninguém, porque na vida real é exatamente assim que acontece.

Mesmo com a narrativa toda em terceira pessoa, as emoções e a inocência da protagonista são muito bem transmitidas durante a história, eu particularmente não imaginaria esse livro escrito de uma outra forma. A capa é belíssima, a diagramação interna é simples, com letras grandes e folhas amarelas - padrão dos livros da editora -, o que torna a leitura extremamente agradável. Recomendado para quem gosta de dramas cheios de altos e baixos, que carregam reflexões sobre a forma que levamos a vida de uma forma intensa, mas não chega a ser auto-ajuda. Para quem não gosta de leituras desse tipo, é melhor dar oportunidade a outro livro.

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