Resenha: Herdeiros do Trono, de Elysanna Louzada





Título: Herdeiros do Trono, Vol. 1
Autor(a): Elysanna Louzada
Editora: Ases da Literatura
Páginas: 352
Ano: 2013
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PETRA é um mundo, moldado pelo Deus Criador, a partir da energia cósmica do universo, em que doze reinos foram unidos para serem governados por um único rei e uma única rainha. Justiça, amor e obediência as Leis da Criação eram os requisitos necessários a esses governantes. Enquanto essas virtudes permanecessem intactas, Petra seria um lugar de Paz. Uma guerra pelo poder, deflagrada pela Primeira Rainha, no entanto, abalou o Reino Unido. O Primeiro Rei e seus fiéis cavaleiros derrotaram a monarca, mas o equilíbrio inicial não poderia ser novamente restabelecido sob as mesmas bases.
Milênios se passaram e as histórias dos Cavaleiros Sagrados foram tomadas como narrativas fantásticas. De todas as tradições esquecidas, entretanto, uma permaneceu intacta: todo monarca de Petra precisava sagra-se cavaleiro para ser coroado. Por isso, uma única instituição no Reino Unido atravessou os milênios, inabalável: a Academia de Cavaleiros. Uma escola militar na qual Pedro, Eloise e Isabel sonhavam estudar. Ao contrário de Tommy, um jovem pugilista, que desprezava a instituição.


Herdeiros do Trono, Vol. 1 até tinha potencial para contar uma boa história de fantasia, mas é tão sofrível de se ler que acaba perdido em seus vários defeitos.

A técnica "não conte, mostre" foi invertida aqui, o que não seria necessariamente ruim se a escrita não fosse tão alongada, ao ponto de levar dois ou mais parágrafos para explicar algo que caberia numa simples frase. Tudo é descrito minuciosamente, desde a paisagem, que têm todos os seus micro detalhes revelados (para quem já leu Tolkien é um estilo parecido, só que sem a capacidade de te transportar para o lugar, característica dele) até os próprios sentimentos dos personagens, o que ironicamente faz com que eles pareçam artificiais e sem vida.
Uma coisa é ouvirmos uma vez que um rapaz está apaixonado por uma moça, outra é ouvirmos repetidas vezes como a paixão dele é forte e grandiosa e ele poderia rasgar o céu a terra e o mar por ela e blá. São vários os momentos que dá vontade de dizer ao livro: "ok, eu já entendi!".

Geada vinha de uma linhagem de cavalos nobres. Uma raça criada especialmente para servir aos melhores cavaleiros da Academia. O pai dele, o grande Nevada, dono de uma beleza estonteante, possuía pelagem marrom avermelhada e as ancas brancas sarapintadas com sua cor predominante. Carregava vários títulos de campeão em torneios e muitas medalhas de honra ao mérito, conquistadas em companhia de seu cavaleiro. Geada saíra ao pai. Tinha garra, coragem e determinação. Porém, ainda lhe faltava o cavaleiro.
Página 119

Esse excesso de detalhes por si só já é cansativo, mas fica pior quando vemos o quanto de enrolação o livro possui. O trecho acima é todo um parágrafo falando sobre o pai de um dos cavalos de um dos protagonistas. Ele nem sequer aparece na trama, enquanto que Geada (por mais que os animais em Herdeiros do Trono tenham um nível de consciência mais elevado) ainda é apenas um cavalo. Em nenhum momento ele demonstra essa "garra, coragem e determinação" que lhe é atribuída, e mesmo que demonstrasse não tornaria esse parágrafo mais útil. 

A redundância é tanta que em alguns momentos acontece isso:

             "Então Guilherme desejou a todos um feliz 2014, saindo do aposento.
               - Feliz 2014 a todos. - ele disse, e saiu do aposento."

O livro conta a mesma coisa, duas vezes seguidas. 

Não estou dizendo que todos os livros deveriam ser absolutamente objetivos. Isso vai do estilo de cada autora/autor, mas quando há dados irrelevantes em demasia a trama fica arrastada e sem conteúdo. Após ler o final eu parei para pensar sobre a história como um todo e percebi que, para um livro de 352 páginas, muito pouca coisa realmente aconteceu. Isso também não seria necessariamente ruim se os personagens e a trama tivessem sido bem trabalhados (com ação, não narração) mas a maior parte do tempo estamos apenas ouvindo falar sobre como eles são e sobre como a trama está se desenvolvendo, sem realmente ver.

Com relação a trama, ela tem seu potencial, mas acaba escorregando em inconsistências. Logo no começo uma das personagens toma uma decisão importante e perigosa, mas que acaba não gerando consequência alguma, o que não faz nenhum sentido de acordo com o contexto da situação. Mais para frente um outro personagem passa a revelar partes essenciais da história, sem nos contar como ele sabe tanta coisa. O problema aqui não é apenas a falta de lógica, que pode ser corrigida na continuação, mas também, e principalmente, a falta de veracidade. 

Sinto que tudo foi encaixado de modo que a história prossiga para onde a autora deseja, ao invés de para onde ela naturalmente iria. Os personagens principais são apáticos e aceitam quase tudo com muita facilidade, principalmente considerando que são um bando de jovens descobrindo coisas incríveis em um espaço de tempo muito curto. 

Ao longo da obra também é percebido erros crassos de revisão. A editora deveria ter tido uma atenção maior com o português.

Nem tudo, porém, está perdido. A história tem potencial para ficar interessante, as referências a bíblia são bastante claras e a maneira como elas se misturam a um mundo de fantasia é bacana.

Mas tem muita coisa mesmo para melhorar no volume dois.

Esse livro foi cedido para resenha pela própria autora.

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