Resenha: Terra Morta



Título: Terra Morta
Subtítulo: Fuga
Autor(a): Tiago Toy
Editora: Draco
ISBN: 9788562942327
Páginas: 248
Ano: 2011
Skoob
Romance de estréia de Tiago Toy, Terra Morta - Fuga imagina o apocalipse zumbi ambientado em São Paulo. Em 'Terra Morta: Fuga', o leitor acompanhará uma saga de sobrevivência ao terrível mal que assolou o interior de São Paulo e agora se dirige à capital. Tiago é um rapaz introspectivo que sempre sonhou em viver na megalópole de São Paulo e buscar novos desafios. Só não imaginava que sua chance chegaria da pior maneira possível. Jaboticabal, sua cidade natal, é o cenário de um terrível apocalipse zumbi, uma tragédia que parece saída de um videogame ou filme de terror. De repente, o jovem acostumado a treinos de parkour e muito trabalho precisa lutar para sobreviver. Nenhum local é seguro, ninguém mais é confiável, água e comida não são mais garantidas no dia a dia. Mesmo que a mente custe a acreditar, não há tempo para duvidar da realidade. A única opção é fugir. A cada pessoa que Tiago encontra, uma surpresa. Aliado ou inimigo? Nunca uma certeza. Tiago e seus companheiros deverão enfrentar o passado e seus medos, e em meio a um mar de zumbis canibais, descobrirão que o maior inimigo ainda são os humanos. Descubra a origem da infecção enquanto corre sem parar, uma aventura dramática que é sucesso na internet e agora se torna uma série de livros. Pegue apenas o necessário e corra sem olhar para trás. / Quer descobrir como a infecção começou? A versão do livro foi revisada e ganhou capítulos e personagens exclusivos, mas você pode acessar o blog Terra Morta e ler 23 capítulos online. http://terra-morta.blogspot.com.br/

Terra Morta - Fuga conta a jornada de Tiago, um jovem bastante incerto de sua própria personalidade tentando sobreviver a uma horda zumbi que tomou conta de sua cidade, Jaboticabal. Até aqui nada demais e, bem, o livro não apresenta muito mais do que isso, infelizmente. É só mais uma história com zumbis. Quando digo só mais uma história com zumbis não me refiro ao fato do mercado de entretenimento, de maneira geral, já estar mais do que saturado com esse tipo de história, mas sim ao fato de ser apenas uma história com zumbis, não apresentando nada de novo ou diferente ao gênero, explorando-o de maneira rasa.

Da maneira como vejo qualquer obra que use mortos-vivos, para ser interessante, deve trabalhar mais os vivos do que os mortos. Um apocalipse zumbi é muito mais próximo de nossa realidade do que, digamos, um meteoro ou ETs. Portanto é muito mais fácil estabelecermos uma conexão, um vínculo com esse tipo de catástrofe. Quando esse vínculo é bem explorado, assim como no excelente The Walking Dead - The Game (não posso falar pela série de quadrinhos ou de TV, pois não as conheço) nós acabamos por nos importar com aquele mundo e com seus personagens. Nos identificamos com sua situação e até refletimos sobre como agiríamos se fossemos nós ali, passando pela mesma coisa. Nada disso está presente em Terra Morta - Fuga.
Aliás, preciso parar de escrever, pois há três deles do lado de fora desse freezer onde estou. Procuram por comida – nesse caso, eu. Tenho que sair daqui sem fazer barulho.
Seus personagens principais têm menos vida que os próprios zumbis. O protagonista Tiago simplesmente não consegue decidir se quer ajudar o maior número de pessoas possível ou se não da a mínima para mais ninguém além de si mesmo. Essa dualidade dentro dele seria até interessante se fosse bem explorada, mas ele nem sequer parece se dar conta de como é ambíguo. Tiago pensa de um jeito e age de outro, fazendo com que sua personalidade deixe de ter qualquer importância. Quanto aos outros personagens principais, não há muito o que dizer sobre eles. São basicamente estereótipos, com pouco conteúdo. Falam, pensam e agem como esperado e nas poucas vezes que nos surpreendem é para nos deixar incrédulos, pois muitas de suas ações não tem nenhuma lógica ou razão. Muitas vezes, nessa história, os seres mais inteligentes parecem ser os mortos.

O livro também possui um certo número de inconsistências. Elas vão desde objetos importantes que somem sem explicação até acontecimentos importantes da trama que não apresentam razão para existirem. Entendo que haverá uma continuação para talvez explicá-los, mas existe um limite para o quanto se pode deixar para a obra seguinte e acredito que esse livro ultrapassa esse limite.

Um exemplo de inconsistência que acontece logo no começo: na citação acima o protagonista dá a impressão de que é ele quem está escrevendo o livro, conforme vive as experiências, mas nunca mais durante toda a história isso é citado ou trabalhado, jogando fora o que de outro modo poderia ter sido um ponto de vista interessante.
Mantenho-me imóvel, o suor deslizando pelo meu rosto. Sinto como se estivesse nessaposição há horas, lutando contra a cãibra que ataca minha perna. A vontade de sobreviver é maior do que qualquer desconforto. Estranho a ausência dos grunhidos tão característicos, o que aumenta minha tensão. Pelo barulho, ele está abrindo a porta das cabines, uma após a outra.

Dito tudo isso, o livro tem os seus momentos. A começar pelos zumbis, que estão muito bem retratados e ameaçadores. Eles correm alucinadamente e são muito fortes, rendendo boas perseguições. A ação também é uma constante. O livro possui um ritmo quase desenfreado, jogando seus personagens em uma situação desesperadora após a outra, sem quase lhes dar tempo para respirar. As cenas de ação são bem escritas e detalhadas, embora possuam uma certa deficiência em tensão, pois parece que não importa o quão encurralados estejam, os protagonistas sempre acham um jeito de se safar.

É também um livro bem fácil de ser lido, com uma linguagem fluída e simples, ideal para seu ritmo. Para quem procura uma leitura rápida e descompromissada, eu recomendo. Se procura mais do que isso, porém, temo que a leitura não ira lhe agradar. Terra Morta - Fuga não pretende ser mais do que uma história com zumbis, e infelizmente eu procurava algo mais.

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