Resenha: Austenlândia, de Shannon Hale (@editorarecord)

Por Lucas Souza



Título: Austenlândia
Autor(a): Shannon Hale
Editora: Record
Páginas: 240
Ano: 2014
Skoob | GoodReads
Compre: Buscapé
Jane Hayes tem 33 anos e mora na Nova York atual. Bonita, inteligente e com um bom emprego, ela guarda um um segredo constrangedor: é verdadeiramente obcecada pelo Sr. Darcy. Embora sonhe com ele, os homens reais com os quais se depara são muito diferentes dos que habitam sua fantasia. Justamente por isso, ela decide deixar de lado sua vida amorosa e aceitar seu destino: noites solitárias aconchegada no sofá assistindo a Colin Firth em seu DVD. Porém, esses não são os planos que sua rica e velha tia-avó Carolyn, tem para a moça. A única a descobrir o segredo de Jane deixa, em seu testamento, férias pagas para a sobrinha-neta na Austenlândia. A ideia é que Jane tenha uma legítima experiência como uma dama no início do século XX e consiga se livrar de uma vez por todas de sua obsessão. Contudo, para isso, ela terá que abrir mão do celular, da internet e até do uso de sutiãs em troca de tardes de leitura, espartilhos e... a companhia de belos cavalheiros.

Imaginem um lugar para fãs de Jane Austen em que todo o mundo criado por ela é possível. Imaginaram? Jane, de 33 anos, nova-iorquina e solteirona vai para lá. Depois de ganhar uma viagem de sua tia avó, a moça apaixonada por Colin Firth na adaptação de Orgulho e Preconceito e colecionadora dos livros e filmes de Austen, embarca num avião direto para a Europa. Lá ela vai fantasiar durante dezoito dias todo o mundo do Sr. Darcy. Mas essa aventura irá renovar Jane tanto por dentro quanto por fora, e será capaz de fazer com que ela descubra que os homens não podem e nunca serão cópias exatas de personagens criados em livros.

É sério, uma mulher de 30 e poucos anos não deveria sonhar acordada com um personagem fictício de um mundo de 200 anos de idade a ponto de influenciar sua vida e seus relacionamentos reais e muito mais importantes.
Página 16

Quando li a sinopse de Austenlândia fiquei animado e logo adicionei o livro na lista de desejados. Fiquei pensando como seria um lugar onde fantasiavam o mundo de Jane Austen. Acompanhar a história de Jane (a nova-iorquina) foi deliciosa e divertida.

Nessa viagem maluca (sim, não há adjetivo melhor para essa aventura), Jane foi viver por um período num castelo com vários atores fingindo ser personagens de Orgulho e Preconceito de Austen. Esse fingimento rendeu boas gargalhadas e a dúvida sobre o quanto os personagens distinguiam o real do fictício. 

A relação que Jane criou com Martin, o jardineiro, e Sr. Nobley foi bem divertida. Os diálogos simples e bem estruturados entre eles foram um ponto positivo do livro, carregados também de um humor delicioso. Porém, o que é um pecado, é a superficialidade do triângulo amoroso. 

Será que a própria Austen se sentia assim? Sera que sentia esperanças? Jane se perguntou se a escritora solteira havia morado na Austenlandia e se tinha a sensibilidade parecida à de Jane: satisfeita, horrorizada, mas em verdadeiro perigo de se deixar levar"
Página 151

Não consegui mesmo discernir o quão profundo esse sentimento repentino era real e se foi mesmo verdadeiro ao fim da história. Fiquei com a sensação de que apesar da personagem correr atrás de um homem ideal, e tendo vido feito isso há anos, ela acabou mais uma vez com uma relação completamente vazia e sem futuro.

Austenlândia é interessante, engraçado e uma boa pedida para os fãs de Jane Austen. Como eu ainda não li nada da autora, posso ter ficado com uma lacuna maior para entender melhor esse universo de Orgulho e Preconceito. Mas consegui, claro, absorver o conteúdo e sua mensagem. Shannon Hale escreveu um livro ideal para leitoras que acabam por esquecer os homens que existem na vida real e se apegam aos personagens fictícios. Existe um mundo maravilhoso nas páginas de um livro, mas existe também outro tão bom quanto fora delas. 

Então, amem o Sr. Darcy o quanto puderem, suspirem e fantasiem, mas não se esqueçam de que a vida real também reserva homens muito bons.

Resenha escrita por Lucas Souza

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