Por Gleice Couto.
Título: PDM
Série: PDM (nome provisório) - Livro 1
Autor(a): Stephen Wallenfels
Editora: Bertrand Brasil
Páginas: 280
Ano: 2014
Skoob | GoodReads
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PDM apresenta a história de dois adolescentes que lutam para escapar de um ataque alienígena. Alternando a narrativa entre a voz de Megs e a de Josh, o autor revela ao leitor o quanto a humanidade é capaz de lutar pela sobrevivência e como os seres humanos podem acabar se mostrando inimigos ainda mais perigosos do que os invasores desconhecidos.
Tá rolando uma vibe alienígena na literatura ou é impressão minha? No último mês, vários livros com o tema vieram parar na minha mão, assim como soube de tantos outros que estão para serem lançados. Mas, tudo bem. Eu gosto bastante. E com PDM (Editora Bertrand Brasil), estreia do norte-americano Stephen Wallenfels, não foi diferente. Gostei tanto que nem fiquei chateada em saber que é o primeiro de uma série (fobia de séries, atualmente).
As buzinas se confundem com as sirenes. Um homem tropeça e cai no chão. Os carros passam por cima do pobre coitado como se ele fosse um quebra-molas. Grito para que os carros parem, mas ninguém me ouve. – PDV Megs
A escrita de Stephen é ágil e direta. Ele não dá muito espaço para descrições minuciosas, o que expõe no papel é o necessário para que nos situemos na história. Algumas vezes, deixa até algumas lacunas, mas percebe-se que são propositais – ele quer que o leitor as preencha, fazendo com que, assim, seu texto dialogue com seu público de forma pouco convencional. Sei que isso pode afligir algumas pessoas, mas, particularmente, considero quase uma arte falar o menos possível em um texto e mesmo assim torná-lo coerente e coeso.
Na verdade, o foco do autor não é a invasão alienígena em si, de onde veio, como foi, se o ET é verde e cabeçudo, nem ET... telefone... casa. Nada disso. Ele vira a sua atenção para as consequências disso na natureza humana. Como reagirão os que não foram “abduzidos” e ficaram reféns em seus próprios lares/empregos/whatever? Porque a comida acaba. A água também. Remédios. A civilidade vai para aonde? E o autor trata isso de modo cru e objetivo, sem firulas.
Os dois pontos de vista abordados pelo autor são muito bem estruturados. Tanto Josh quanto Megs são dois jovens interessantes, que têm aquela faísca que nos fazem querer saber mais sobre eles. Meg, uma menina de 12 anos que vem de uma família desestruturada e que se vê tendo que lutar pela sobrevivência sozinha; e Josh, um adolescente de 15 anos que tem uma relação distante com o pai e que é completamente dependente para que consiga sobreviver, apesar de achar que não (adolescentes...<3).
Aliás, o pai de Josh é uma puta personagem. É difícil entrar na cabeça dele. Em um primeiro momento parece frio e racional demais. Aos poucos, porém, percebi que ele estava segurando as pontas para não surtar. O amor pelo filho e pela esposa estava lá todo o tempo, nos detalhes que no dia a dia achamos insignificantes.
Os diálogos entre pai e filho são caprichados no humor negro e evidenciam o lado revoltadinho-adorável de Josh (já disse que adoro a rebeldia adolescente?). E aqui, tenho que dizer que o autor trabalhou de forma esperta os diálogos – tanto os de entre as personagens, como os internos. Em uma história em que as cenas possuem uma interação entre humanos limitada é difícil manter o ritmo, e não transformar a história em um monólogo sonífero.
Megs é outra personagem que não fica atrás. Ela é muito inteligente, mas não é algo forçado. Seu conhecimento vem de aprendizados característicos da idade mesmo. Instinto de sobrevivência puro. O modo como o autor fez com que ficasse crível uma menina encarando tudo o que teve que enfrentar é fenomenal. Não dá pra duvidar. Megs é “o cara”.
Por fim, PDM é um baita livro de estreia. Stephen conseguiu desenvolver uma obra madura tecnicamente, mas com o frescor de um livro jovem. Que venham as continuações! O segundo livro chama-se Monolith e, segundo o autor, é ainda mais chocante que PDM. Opa, se forem todos nesse nível, leio com prazer e sem reclamar (-q).
Resenha escrita por Gleice Couto.
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